Fala de Mãe e Filho
«Meu filho:
onde vais
que tens do rio o caminhar?»Não espreites a estrada, mãe,
que eu nasci
onde o tempo se despenhou.«Meu filho:
onde te posso lembrar
se apenas te dei nome para te embalar ?»Mãe, minha mãe:
não te pese saudade
que eu voltarei sempre
como quem chega do mar.«Meu filho:
onde te posso nascer
se meu ventre seco
nunca ninguém gerou?»Mãe, nascerás sempre
na pedra em que te escuto:
a tua ausência, meu luto,
teu corpo para sempre insepulto.
Poemas Interrogativos de Mia Couto
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Destino
à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio
servente de danos e enganosvou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escassoconheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer dispersoagora
que mais
me poderei vencer?