Dia
De que céu caído,
oh insólito,
imóvel solitário na onda do tempo?
És a duração,
o tempo que amadurece
num instante enorme, diáfano:
flecha no ar,
branco embelezado
e espaço já sem memória de flecha.
Dia feito de tempo e de vazio:
desabitas-me, apagas
meu nome e o que sou,
enchendo-me de ti: luz, nada.E flutuo, já sem mim, pura existência.
Tradução de Luis Pignatelli
Poemas Interrogativos de Octavio Paz
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Destino de Poeta
Palavras? Sim, de ar,
e no ar perdidas.
Deixa-me perder entre palavras,
deixa-me ser o ar nuns lábios,
um sopro vagabundo sem contornos
que o ar desvanece.Também a luz em si mesma se perde.
Tradução de Luis Pignatelli
Certeza
Se é real a luz branca
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.Tradução de Luis Pignatelli