Poemas Interrogativos de Rabindranath Tagore

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Ă€ Espera do Amado Desconhecido

Quem Ă© esta mulher,
a sempre triste,
que vive no meu coração?
Quis conquistá-la mas não consegui.

Adornei-a com grinaldas
e cantei em seu louvor…
Por um momento
bailou o sorriso no seu rosto,
mas logo se desvaneceu.

E disse-me cheia de pena:
— A minha alegria não está em ti.

Comprei-lhe argolas preciosas,
abanei-a
com leques recamados de diamantes,
deitei-a em cama de oiro …
Bateu as pálpebras
como um relâmpago de alegria
que logo se apagou.

E disse-me cheia de pena:
— Não está nessas coisas a minha alegria.

Sentei-a num carro de triunfo,
e passeei-a por toda a terra.
Milhares de corações conquistados
caíram humildes a seus pés,
e as aclamações reboaram pelo cĂ©u…
Durante um momento
brilhou o orgulho nos seus olhos,
mas logo se desfez em lágrimas.

E disse cheia de pena:
— Não está na vitória a minha alegria..

Perguntei-lhe:
— Que queres então?
Respondeu-me:
— Espero alguém
que nĂŁo sei como se chama.

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Ă€ Espera do Amado

Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele nĂŁo foi.
Chegou ao pĂ© de mim e agarrou-me as mĂŁos…
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele nĂŁo deixou.

Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele nĂŁo se envergonhou.

Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele nĂŁo fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque Ă© que ele nĂŁo volta?

Tradução de Manuel Simões

PaixĂŁo Secreta

Acordei com os primeiros pássaros,
já minha lâmpada morria.
Fui até à janela aberta e sentei-me,
com uma grinalda fresca
nos cabelos desatados…
Ele vinha pelo caminho
na névoa cor de rosa da manhã.
Trazia ao pescoço
uma cadeia de pérolas
e o sol batia-lhe na fronte.
Parou Ă  minha porta
e disse-me ansioso:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, belo caminhante,
sou eu.

Anoitecia
e ainda nĂŁo tinham acendido as luzes.
Eu atava o cabelo, desconsolada.
Ele chegava no seu carro
todo vermelho, aceso pelo sol poente.
Trazia o fato cheio de poeira.
Fervia a espuma
na boca anelante dos seus cavalos…
Desceu Ă  minha porta
e disse-me com voz cansada:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, fatigado caminhante,
sou eu.

Noite de Abril.
A lâmpada arde neste meu quarto
que a brisa do Sul
enche suavemente.
O papagaio palrador
dorme na sua gaiola.
O meu vestido Ă© azul
como o pescoço dum pavão,

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EgoĂ­smo

Fui sozinho Ă  minha entrevista,
Quem Ă© esse que me segue
na escuridĂŁo calada?

Afasto-me para ele passar,
mas nĂŁo passa.

Seu andar soberbo
levanta poeira,
sua voz forte
duplica a minha palavra.

Senhor,
Ă© o meu pobre eu!
Ele nĂŁo se importa com nada.
Mas como sinto vergonha
por ter de vir com ele
Ă  tua porta!

Tradução de Manuel Simões