Poemas Interrogativos de VergĂ­lio Ferreira

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Veio Ter Comigo Hoje a Poesia

Veio ter comigo hoje a poesia.
Há quantos anos? Desde a juventude.
Veio num raio de sol, num murmĂşrio de vento.
E a ilusĂŁo que me trouxe de uma antiga alegria
reinventou-me a antiga plenitude
que já não invento.

Fazia-lhe outrora poemas verdadeiros
em fornicações rápidas de galo.
Hoje nĂŁo sou eu nunca por inteiro
e há sempre no que faço um intervalo.

Estamos ambos tão velhos — que vens fazer?
— a cama entre nós da nossa antiga função.
Nublado o olhar sĂł de a ver.
E tomo-lhe em silĂŞncio a mĂŁo.

Que Há para Lá do Sonhar?

CĂ©u baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
Ă© este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar.

Mas que há para lá do sonhar?

FĂ­mbria de Melancolia

FĂ­mbria de melancolia,
memĂłria incerta da dor,
ouço-a no gravador,
no fado que nĂŁo se ouvia
quando ouvia o seu clamor.

Porque era já no passado
o presente dessa hora
e que me ressoa agora
a um outro mais alongado.

Assim a dor que se sente
no outro obscuro de nĂłs
nunca fala a nossa voz
mas de quem de nĂłs ausente,
sĂł a nĂłs prĂłprios consente
quando nĂŁo estamos nĂłs
mas mais sĂłs do que ao estar sĂłs.

Onde entĂŁo estamos nĂłs?