Poemas sobre Jardim de Geir Campos

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Poemas de jardim de Geir Campos. Leia este e outros poemas de Geir Campos em Poetris.

Iniciação ao Diálogo

I

De início bastará que olhes mais vezes
na mesma direcção hoje evitada
(estandartes nos olhos são mais leves
do que no coração duros tambores),
ainda que o teu olhar próprio não rompa
as lajes de ódio com que te muraste.

II

O vento e chuva e tempo, sobre a pedra
passando sempre, hão-de gastá-la: um dia,
antes que a obture o musgo ou algum pássaro
aí faça o ninho fofo, encontrarás,
entre o lado que afirmas teu e o outro,
uma réstia de azul — o azul de todos.

III

Talvez rumor de passos, para além
do muro atravessado aos teus desígnios…
Não porás terra onde se pôs o céu:
ver o que diz o ouvido agora queres,
e onde a rocha fendeu-se cabe um olho
humano e mais a boca do fuzil.

IV

Provando frágil o que acreditavas
inexpugnável, eis que em ti se fixam
atentos outro olho e outro fuzil!

V

Contemplador e contemplado, hesitas
aprendendo na espera o inesperado:
lares como os que tens,

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Metanáutica

Deixa-te ser viável como um bosque
ou jardim ou pomar por onde possa
ir passando a pessoa pela sombra
ou pela flor ou pelo fruto ou pela
singular vocação ambulatória:
deixa-te ser viável como um rio
ou lago ou mar por onde possa ir
passando o navegante ou nadador
pelo afã de chegar ou pelo puro
sentir-se em ti flutuante ou imerso:
deixa-te ser viável como um ar
por onde possa ir passando a asa
que como tal se procure ou encontre
firme ou frágil… Mas bosque ou jardim ou
pomar ou rio ou lago ou mar ou ar,
deixa em ti leccionar-se o transeunte
que viver são instâncias de passar.