Poemas sobre Jesus

26 resultados
Poemas de jesus escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Natal cada Natal

Quando na mais sublime dor,
A mulher dá à luz,
Há sempre um Anjo Anunciador
A murmurar-lhe ao coração — Jesus!

Cada criança é o Céu que vem
Pra nos remir do pecado
E as palhas d’oiro de Belém
Espalham-se no berço, como um Sol espelhado

Por sobre o lar presepial , o brilho
Da estrela abre o convite dos portais:
— Vinde adorar a floração do filho
No alvoroço da raiz dos pais.

Talvez Natal

Que a minha poesia
Jorre de novo em fonte.
Tu que fazes, Maria?
– Vou beijar-te na fronte.

Que a rosa da alegria
Volte a esfolhar-se em mim.
Tu que fazes, Maria?
– Colho-a no meu jardim.

Que eu tome cada dia
O alvor da comunhĂŁo.
Tu que fazes, Maria?
– O milagre do pĂŁo.

Que graça te alumia?
Quem te sublima em luz?
Tu que fazes, Maria?
– Trago ao colo Jesus.

Loa

É nesta mesma lareira,
E aquecido ao mesmo lume,
Que confesso a minha inveja
De mortal
Sem remissĂŁo
Por esse dom natural,
Ou divina condição,
De renascer cada ano,
Nu, inocente e humano
Como a fé te imaginou,
Menino Jesus igual
Ao do Natal
Que passou.

Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

Continue lendo…

Elegia de Natal

Era também de noite    Era também Dezembro
Vieram-me dizer que o meu irmĂŁo nascera
Já não sei afinal se o recordo ou se penso
que estou a recordá-lo à força de o dizerem

Mas o teu berço foi o primeiro presépio
em que pouco depois o meu olhar pousava
Não era mais real do que existirem prédios
nem menos irreal do que haver madrugadas

Dezembro retornava e nunca soube ao certo
se o intruso era eu se o intruso eras tu
Quase aceitava até que alguém te supusesse
mais do que meu irmão um gémeo de Jesus

Para ti se encenava o palco da surpresa
Entravas no papel de que eu ia descrendo
Mas sabia-me bem salvar a tua crença
E era sempre de noite    Era sempre em Dezembro

Entretanto em que mĂŞs em que dia Ă© que estamos
Que verdete corrói prédios e madrugadas
De que muro retiro o musgo desses anos
que entre os dedos depois se me desfaz em água

Para onde levaste a criança que foste
Em vez da tua voz que ciprestes sĂŁo estes
Como dizer Natal se te nĂŁo vejo hoje
Como dizer Natal agora que morreste

No Crepusculo

Nasce a luz do luar dos derradeiros,
ĂŠrmos, soturnos pincaros sĂłsinhos…
Andam sombras no ar e murmurinhos
E vagidos de luz… e os Pegureiros
Descem, cantando, a encosta dos outeiros…

Tangendo amenas frautas amorosas,
Seus vultos, no crepusculo, desmaiam
E assim como os seus canticos, se espraiam
Em ondas de emoção. As fragarosas
Quebradas que o luar beija, misteriosas
Furnas, boccas de terra, murmurantes,
Arvoredos extaticos orando,
Rochedos, na penumbra, meditando,
Desfeitos em ternura, esvoaçantes,
Pairam tambem no espaço comovido,
Das primeiras estrelas já ferido,
Todo em luar e sombra amortalhado…

E eu choro sobre um monte abandonado…

E o Phantasma divino da Creança,
Sombra de Anjinho em flor,
Nos longes dos meus olhos aparece,
Como se, por ventura, ele nascesse
Da minha incerta e trémula esperança,
E nĂŁo da minha firme e eterna dĂ´r!

E choro; e alem das lagrimas, eu vejo
Aquele dĂ´ce Vulto pequenino,
Em seu leito de morte e soffrimento;
Jesus martirisado, inda Menino…
E Ă© como cinza morte o meu desejo
E como extinta luz meu pensamento!

Continue lendo…