Nevermore
Ah, lembrança, lembrança, que me queres? O Outono
Fazia voar os tordos plo ar desmaiadoE o sol dardejava um monĂłtono raio
No bosque amarelado onde a nortada ecoa.A sonhar caminhĂĄvamos os dois, a sĂłs,
Ela e eu, pensamento e cabelos ao vento.
De repente, fitou-me em olhar comovente:
«Qual foi o teu mais belo dia?» disse a vozDe oiro vivo, sonora, em fresco timbre angélico.
Um sorriso discreto deu-lhe a minha réplica
E entĂŁo, como um devoto, beijei-lhe a mĂŁo branca.â Ah! as primeiras flores, como sĂŁo perfumadas!
E como em nĂłs ressoa o murmĂșrio vibrante
Desse primeiro sim dos låbios bem-amados!Tradução de Fernando Pinto do Amaral
Poemas sobre LĂĄbios de Paul Verlaine
3 resultadosConversa Sentimental
No velho parque deserto e gelado
Duas formas passaram hĂĄ bocado.Com os olhos mortos e os lĂĄbios moles,
Mal se ouvem, a custo, as suas vozes.No velho parque deserto e gelado
Dois espectros evocaram o passado.â Recordas-te do nosso ĂȘxtase antigo?
â Por que razĂŁo acha que ainda consigo?â Bate, ao ouvires meu nome, o coração?
VĂȘs ainda a minha alma em sonhos? â NĂŁo.â Ah! bons tempos de prazer indizĂvel
Unindo as nossas bocas! â Ă possĂvel.â Como era azul, o cĂ©u, e grande a esperança!
â Mas Ă© prĂČ negro cĂ©u que hoje se lança.LĂĄ caminhavam plas aveias loucas
E só a noite ouviu as suas bocas.Tradução de Fernando Pinto do Amaral
II Bacio
O Beijo! malva-rosa em jardim de carĂcias!
Vivo acompanhamento no piano dos dentes
Dos refrĂŁos que Amor canta nas almas ardentes
Com a sua voz de arcanjo em lĂąnguidas delĂcias!Divino e gracioso Beijo, tĂŁo sonoro!
VolĂșpia singular, ĂĄlcool inenarrĂĄvel!
O homem, debruçado na taça adoråvel,
Deleita-se em venturas que nunca se esgotam.Como o vinho do Reno e a mĂșsica, embalas
E consolas a mĂĄgoa, que expira em conjunto
Com os lĂĄbios amuados na prega purpĂșrea…
Que um maior, Goethe ou Will, te erga um verso clĂĄssico.Quanto a mim, trovador franzino de Paris,
Só te ofereço um bouquet de estrofes infantis:
SĂȘ benĂ©volo e desce aos lĂĄbios insubmissos
De Uma que eu bem conheço, Beijo, e neles ri.Tradução de Fernando Pinto do Amaral