Poemas sobre LĂĄbios de Paul Verlaine

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Poemas de lĂĄbios de Paul Verlaine. Leia este e outros poemas de Paul Verlaine em Poetris.

Nevermore

Ah, lembrança, lembrança, que me queres? O Outono
Fazia voar os tordos plo ar desmaiado

E o sol dardejava um monĂłtono raio
No bosque amarelado onde a nortada ecoa.

A sonhar caminhĂĄvamos os dois, a sĂłs,
Ela e eu, pensamento e cabelos ao vento.
De repente, fitou-me em olhar comovente:
«Qual foi o teu mais belo dia?» disse a voz

De oiro vivo, sonora, em fresco timbre angélico.
Um sorriso discreto deu-lhe a minha réplica
E entĂŁo, como um devoto, beijei-lhe a mĂŁo branca.

— Ah! as primeiras flores, como são perfumadas!
E como em nĂłs ressoa o murmĂșrio vibrante
Desse primeiro sim dos lĂĄbios bem-amados!

Tradução de Fernando Pinto do Amaral

Conversa Sentimental

No velho parque deserto e gelado
Duas formas passaram hĂĄ bocado.

Com os olhos mortos e os lĂĄbios moles,
Mal se ouvem, a custo, as suas vozes.

No velho parque deserto e gelado
Dois espectros evocaram o passado.

— Recordas-te do nosso ĂȘxtase antigo?
— Por que razão acha que ainda consigo?

— Bate, ao ouvires meu nome, o coração?
VĂȘs ainda a minha alma em sonhos? — NĂŁo.

— Ah! bons tempos de prazer indizível
Unindo as nossas bocas! — É possível.

— Como era azul, o cĂ©u, e grande a esperança!
— Mas Ă© prĂČ negro cĂ©u que hoje se lança.

LĂĄ caminhavam plas aveias loucas
E sĂł a noite ouviu as suas bocas.

Tradução de Fernando Pinto do Amaral

II Bacio

O Beijo! malva-rosa em jardim de carĂ­cias!
Vivo acompanhamento no piano dos dentes
Dos refrĂŁos que Amor canta nas almas ardentes
Com a sua voz de arcanjo em lĂąnguidas delĂ­cias!

Divino e gracioso Beijo, tĂŁo sonoro!
VolĂșpia singular, ĂĄlcool inenarrĂĄvel!
O homem, debruçado na taça adoråvel,
Deleita-se em venturas que nunca se esgotam.

Como o vinho do Reno e a mĂșsica, embalas
E consolas a mĂĄgoa, que expira em conjunto
Com os lĂĄbios amuados na prega purpĂșrea…
Que um maior, Goethe ou Will, te erga um verso clĂĄssico.

Quanto a mim, trovador franzino de Paris,
Só te ofereço um bouquet de estrofes infantis:
SĂȘ benĂ©volo e desce aos lĂĄbios insubmissos
De Uma que eu bem conheço, Beijo, e neles ri.

Tradução de Fernando Pinto do Amaral