Amo-te Sempre
Amo-te sempre
com um pouco de barco e de vento
com uma humildade de mar Ă tua volta
dentro do meu corpo; com o desespero
de ser tempo;com um pouco de sol e uma fonte
adormecida na ternura.Merecer este minuto de palavras habitando
o que há sem fim no teu retrato;
Este mesmo minuto em que chegam e partem navios
– nesta mesma cidade deste
minuto, desta lĂngua, deste
romance diário dos teus olhos –(e chegarĂŁo com armas? refugiados? trigo?
partirão com noivas? missionários? guerras? discursos?)Merecer a densa beleza do teu corpo
que tem água e ternura, células, penumbra,
que dormiu no berço, dormiu na memória,
que teve soluços, febre, e absurdos desejos
maiores que os braços,merecer os dias subindo das florestas – e vĂŞm
banhar-se, lentos, nos teus olhos…Merecer a Igreja, o ajoelhar das palavras,
entre estes cinemas visitando, em duas horas, a alma,
estes eléctricos parando atrás do infinito
para subirem os namorados, a viĂşva, o cobrador da luz, a
costureira
entre estes homens que ganham dinheiro,
Poemas sobre Lábios de VĂtor Matos e Sá
2 resultadosVeio Tudo de Longe
Veio tudo de longe para ser
uma sĂł coisa, nupcial e magnĂfica.
Caminho e tenda. O mar. Livros. A indizĂvel
matéria da dor. Ternura
cercada e repartida, pouco
a pouco, à mesa rápida
dos lábios, clandestina voz baixa
das mĂŁos juntas. Sobreviventes
de invernos, dĂşvidas, denĂşncias.
E o teu sorriso honrado. A oferta
duplicada e vulcânica
dos seios. Esta noite que nos pĂ´s
Ă prova. Sobre o vento e o repouso
do vento. E a mĂşsica ainda cheia
de muitos outros quartos. Sim, a importância
do teu rosto: alvo claro deste mĂŞs
desmedido que nĂłs somos.Veio tudo de longe para ser
uma só coisa, sagrada e partilhável.O banho comum gradual e abundante
dos sentidos. As faces que sĂł tenho
entre o convĂvio doce dos teus dedos
sempre em férias. E a chave
do desejo. Erecta dureza doadora
do Ăłleo e da viagem
aos lugares da origem
e do ĂŞxtase. Resposta
da terra contra a terra.E a surpresa ensina e desvenda
as partes mais antigas da alegria
dupla,