Violada
PossuĂram-te nas ervas,
Deitada ao comprido
Ou lĂvida a pĂ©:
Do estupro conservas
O sangue e o gemido
Na morte da fé.Chegaste a cavalo
Trémula de espanto:
Esperavas levĂĄ-lo
Com modos de amor:
O fĂĄtum, num canto,
Violento ceifou-te
O pĂșbis em flor:
Dou-te
O acalanto
Mas nĂŁo hĂĄ palavras
Para tal horror!Vem ainda em cĂłs, mulher,
Limpa as tuas lågrimas no meu lenço:
Nem pela dor sequer
Eu te pertenço.O cavalo fugiu,
Deixou-te em fogo a fralda:
Que malfeliz RoldĂŁo
Para tal Alda!
Ao frio, ao frio,
Tinta de ti Ă© a ĂĄgua e sangue o chĂŁo.Ponta Delgada a arder
Do prĂłprio pejo, quis
Em verde converter
O incĂȘndio do teu pĂșbis.Mulher, nĂŁo me dĂȘs guerra,
Oh trĂĄgica enganada:
Tu Ă©s a minha terra
Na carne devastada
Como a Ilha queimada.
Poemas sobre Lågrimas de Vitorino Nemésio
2 resultadosPedra de Canto
Ainda terĂĄs alento e pedra de canto,
Mito de PĂ©gaso, patada de sangue da mentira,
Para cantar em sĂlabas ĂĄsperas o canto,
De rima em -anto, o pranto,
O amor, o apego, o sossego, a rima interna
Das almas calmas, isto e aquilo, o canto
Do pranto em pedra aparelhada a corpo e escopro,
O estupro de outrora, a triste vida dela, o canto,
Buraco onde te metes, duplamente: com falo,
Falas, fĂĄ-la chorar e ganir, com falo o canto
No buraco de grilo onde anoiteces,
No buraco de falso eremita onde conheces
Teu nada, o dela, o buraco dela, o canto
De pedra, sim, canteiro por cantares e aparelhares
Com ela em rua e cama o falo fĂĄ-la cheia,
Canteiro porque o falo a julga flores, o canto
Ăspero do canteiro de pedra e sĂ©men que tu Ă©s
(No buraco do falo falaste),
Tu, falazĂŁo de amor, que a amas e conheces.
Amas a quem? Conheces quem? Pobre Hipocrene,
Apolo de pataco, CamÔes binocular, poeta de merda,Embora isso em sangue dessa pobre alma em ferida:
A dela,