Assim a Casa Seja
Amor, Ă© muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nadaVoltaste, já voltaste
Já entras como sempre
Abrandas os teus passos
E paras no tapeteEntĂŁo que uma luz arda
E assim o fogo aqueça
Os dedos bem unidos
Movidos pela pressa.Amor, Ă© muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que nĂŁo escurece nada
Voltaste, já voltei
Também cheia de pressa
De dar-te, na parede
O beijo que me peçasEntão que a sombra agite
E assim a imagem faça
Os rostos de nĂłs dois
Unidos pela graça.Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nadaAmor, o que será
Mais certo que o futuro
Se nele Ă© para habitar
A escolha do mais puroJá fuma o nosso fumo
Já sobra a nossa manta
Já veio o nosso sono
Fechar-nos a garganta.EntĂŁo que os cĂlios olhem
E assim a casa seja
A árvore do Outono
Coberta de cereja.
Poemas sobre Lembranças de LĂdia Jorge
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