Gazel do Amor Desesperado

A noite nĂŁo quer vir
para que tu nĂŁo venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.

Mas tu virás
com a lĂ­ngua queimada pela chuva de sal.

O dia nĂŁo quer vir
para que tu nĂŁo venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.

Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
Tradução de Oscar Mendes