Poemas sobre Linguagem de Casimiro de Brito

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Poemas de linguagem de Casimiro de Brito. Leia este e outros poemas de Casimiro de Brito em Poetris.

Estar no Mundo

Ao corpo colados a silenciosas
colunas de sal pavimentados eis os muros
paralelos eis as rápidas deformações da
linguagem (cálido ascetismo)
de quem arde por dentro — estar no mundo
Ă© teu caminho estar na cĂłlera
lavrada
e sobre si mesma dobrada e a guerra
mastigar a morte seca a subalimentada
explosão do corpo deformações suicídio
quotidiano — tal a poesia
se reflecte na luz a erosĂŁo do poema
o apodrece e movimenta— cinza mineral
entre restos de música e pão —

Nossa MemĂłria

Nossa memĂłria sempre foi a memĂłria
dos monstros nosso enigmático testamento
de altas labaredas sempre foi
o caminho
devastado pelo sangue pela circuncisa memĂłria
dos mortos pelo perfil
dos astros — nossa colorida volúpia
sempre foi dos monstros
a mais crua linguagem hĂşmida fuga
desolada
através do tempo através do medo
de nĂŁo sermos belos de nĂŁo sabermos
esculpir na cinza o sopro
de tanta luz tão prostituída —