Ignoto Deo
D. D. D.
Creio em Ti, Deus; a fé viva
De minha alma a Ti se eleva.
Ăs: – o que Ă©s nĂŁo sei. Deriva
Meu ser do Teu: luz… e treva,
Em que – indistintas! – se envolve
Este espĂrito agitado,
De Ti vem, a Ti devolve.
O Nada, a que foi roubado
Pelo sopro criador
Tudo o mais, o hĂĄ-de tragar.
SĂł vive do eterno ardor
O que estĂĄ sempre a aspirar
Ao infinito donde veio.
Beleza Ă©s Tu, luz Ă©s Tu,
Verdade Ă©s Tu sĂł. NĂŁo creio
SenĂŁo em Ti; o olho nu
Do homem nĂŁo vĂȘ na Terra
Mais que a dĂșvida, a incerteza,
A forma que engana e erra.
EssĂȘncia! a real beleza,
O puro amor – o prazer
Que nĂŁo fatiga e nĂŁo gasta…
SĂł por Ti os pode ver
O que, inspirado, se afasta,
Ignoto Deo, das ronceiras,
Vulgares turbas: despidos
Das coisas vĂŁs e grosseiras
Sua alma, razĂŁo, sentidos,
A Ti se dĂŁo, em Ti vida,
E por Ti vida tĂȘm.
Poemas sobre Livros de Almeida Garrett
2 resultadosO Album
Minha JĂșlia, um conselho de amigo;
Deixa em branco este livro gentil:
Uma sĂł das memĂłrias da vida
Vale a pena guardar, entre mil.E essa nâalma em silĂȘncio gravada
Pelas mãos do mistério hå-de ser;
Que nĂŁo tem lĂngua humana palavras,
NĂŁo tem letra que a possa escrever.Por mais belo e variado que seja
De uma vida o tecido matiz ,
Um sĂł fio da tela bordada,
Um sĂł fio hĂĄ-de ser o feliz.Tudo o mais Ă© ilusĂŁo, Ă© mentira,
Brilho falso que um tempo seduz,
Que se apaga, que morre, que Ă© nada
Quando o sol verdadeiro reluz.De que serve guardar monumentos
Dos enganos que a espârança forjou?
VĂŁos reflexos de um sol que tardava
Ou vĂŁs sombras de um sol que passou!CrĂȘ-me, JĂșlia: mil vezes na vida
Eu coa minha ventura sonhei;
E uma sĂł, dentre tantas, o juro,
Uma sĂł com verdade a encontrei.Essa entrou-me pela alma tĂŁo firme,
TĂŁo segura por dentro a fechou,
Que o passado fugiu da memĂłria,