As mĂŁos pressentem…
As mĂŁos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pĂĄssaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olharergues de novo as cansadas e sĂĄbias mĂŁos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor hĂșmido das noites e tanta ignorĂąncia
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada
Poemas sobre MĂŁos de Al Berto
3 resultadosCorpo
corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocĂȘncia nua
dum lĂrio cujo caule se estende e
ramifica para lå dos alicerces da casaabre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os ĂłrgĂŁos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservadomas olho para as mĂŁos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunaslevanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sĂsmico do mundo
Rumor dos Fogos
hoje Ă noite avistei sobre a folha de papel
o dragĂŁo em celulĂłide da infĂąncia
escuro como o interior polposo das cerejas
antigo como a insĂłnia dos meus trinta e cinco anos…dantes eu conseguia esconder-me nas paisagens
podia beber a humidade aérea do musgo
derramar sangue nos dedos magoados
foi hĂĄ muito tempo
quando corria pelas ruas sem saber ler nem escrever
o mundo reduzia-se a um berlinde
e as mĂŁos eram pequenas
desvendavam os nocturnos segredos dos pinhaisnĂŁo quero mais perceber as palavras nem os corpos
deixou de me pertencer o choro longĂnquo das pedras
prossigo caminho com estes ossos cor de malva
som a som o vegetal silĂȘncio sĂlaba a sĂlaba o abandono
desta obra que fica por construir… o receio
de abrir os olhos e as rosas nĂŁo estarem onde as sonhei
e teu rosto ter desaparecido no fundo do marficou-me esta mĂŁo com sua sombra de terra
sobre o papel branco… como Ă© louca esta mĂŁo
tentando aparar a tristeza antiga das lĂĄgrimas