Poemas sobre Mar de Carlos Drummond de Andrade

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Poemas de mar de Carlos Drummond de Andrade. Leia este e outros poemas de Carlos Drummond de Andrade em Poetris.

Canto Esponjoso

Bela
esta manhĂŁ sem carĂŞncia de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhĂŁ ou outra possĂ­vel,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Umidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituĂ­das.

Bela
a passagem do corpo, sua fusĂŁo
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tĂŁo absoluta
que me calo, repleto.

Segredo

A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
NĂŁo ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
NĂŁo diga nada.

Tudo Ă© possĂ­vel, sĂł eu impossĂ­vel.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
NĂŁo conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdĂŁo.
Não peça.

Quero me Casar

Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.

Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.

Depressa, que o amor
nĂŁo pode esperar!