Segredo
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeçanem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessaDeixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poçoNão contes do meu
novelo
nem da roca de fiarnem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
Poemas de Maria Teresa Horta
5 resultadosMorrer de Amor
Morrer de amor
ao pé da tua bocaDesfalecer
à pele
do sorrisoSufocar
de prazer
com o teu corpoTrocar tudo por ti
se for preciso
Voamos
Voamos a lua,
menstruadasOs homens gritam:
– são as bruxasAs mulheres pensam:
– são os anjosAs crianças dizem:
– são as fadas
Os Teus Olhos
Direi verde
do verde dos teus olhosde um rugoso mais verde
e mais sedentoDaquele não só íntimo
ou só verdedaquele mais macio mais ave
ou ventoDirei vácuo
volume
direi vidroDirei dos olhos verdes
os teus olhos
e do verde dos teus olhos direi vícioVoragem mais veloz
mais verde
ou vinco
voragem mais crispada
ou precipício
Mãe
mãe
terminou o tempo
de sorrir
desculpa-me a morte
das plantastatuei a tua antiga
imagem loura
em todos os pulsos
que anjos inclinam de existiresperdi-me noite na planície
branca
sobrevivente das madrugadas
da memóriatrocaram-me os dias
e as ruas de ancas
verticais
e nas minhas mãos incompletas
trouxe-te um naufrágio
de flores cansadas
e o único jardim de amor
que cultivei de navios ancorados ao espaço