Funchal
O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca, construĂda por náufragos.
Muitos, chegados Ă porta, voltam para trás, mas nĂŁo assim as rajadas de vento do mar. Uma sombra encontra-se num cubĂculo fumarento e assa dois peixes, segundo uma antiga receita da Atlântida, pequenas explosões de alho.
O Ăłleo flui sobre as rodelas do tomate. Cada dentada diz que o oceano nos quer bem, um zunido das profundezas.
Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepássemos as agrestes colinas floridas, sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais, bem-vindos, nĂŁo envelhecemos. Mas já suportámos tantas coisas juntos, lembramo-nos disso, horas em que tambĂ©m de pouco ou nada servĂamos ( por exemplo, quando esperávamos na bicha para doar o sangue saudável – ele tinha prescrito uma transfusĂŁo). Acontecimentos, que nos podiam ter separado, se nĂŁo nos tivĂ©ssemos unido, e acontecimentos que, lado a lado, esquecemos – mas eles nĂŁo nos esqueceram!
Eles tornaram-se pedras, pedras claras e escuras, pedras de um mosaico desordenado.
E agora aconteceu: os cacos voam todos na mesma direcção, o mosaico nasce.
Ele espera por nĂłs. Do cimo da parede,
Poemas sobre Meios de Tomas Tranströmer
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