Ode a LĂ­dia

Esta sĂșbita chuva que desaba
pela pele morena
de teu rosto
por teu riso por teus ombros
pelos teus longos
cabelos
cai na terra
— ouve bem —

com o peso, o
doce peso de milénios

Pois verdade Ă© que outra
Ă© a ĂĄgua
mas a mesma
(escorrendo pela
gloriosa nudez
de teu corpo)
mesmo o cheiro hĂșmido
da terra, mesmo
nas ĂĄrvores
o ĂĄspero, esperado canto
de verĂŁo

Tudo, nada mudou

Pois verdade Ă© que outra
Ă© a ĂĄgua
mas a mesma
(escorrendo pela
gloriosa nudez
de teu corpo)
mesmo o cheiro hĂșmido
da terra, mesmo
nas ĂĄrvores
o ĂĄspero, esperado canto
de verĂŁo

Tudo, nada mudou

Bebe pois desta ĂĄgua
bebe
bebe com todo o teu corpo
até que toda te farte
bebe
até que te embriague
a milenar
experiĂȘncia
do planeta

Bebe e
(sĂĄbia)
colhe nas mĂŁos o momento
que esvoaça
— este breve momento em que
como duas crianças
somos
e amamos