Flor de Ventura
A flor de ventura
Que amor me entregou,
TĂŁo bela e tĂŁo pura
Jamais a criou:NĂŁo brota na selva
De inculto vigor,
NĂŁo cresce entre a relva
De virgem frescor;Jardins de cultura
NĂŁo pode habitar
A flor de ventura
Que amor me quis dar.Semente Ă© divina
Que veio dos CĂ©us;
SĂł nâalma germina
Ao sopro de Deus.TĂŁo alva e mimosa
NĂŁo hĂĄ outra flor;
Uns longes de rosa
Lhe avivam a cor;E o aroma… Ai!, delĂrio
Suave e sem fim!
Ă a rosa, Ă© o lĂrio,
Ă o nardo, o jasmim;Ă um filtro que apura,
Que exalta o viver,
E em doce tortura
Faz de Ăąnsias morrer.Ai!, morrer… que sorte
Bendita de amor!
Que me leve a morte
Beijando-te, flor.
Poemas sobre Morte de Almeida Garrett
3 resultadosEstes SĂtios!
Olha bem estes sĂtios queridos,
VĂȘ-os bem neste olhar derradeiro…
Ai! o negro dos montes erguidos,
Ai! o verde do triste pinheiro!
Que saudade que deles teremos…
Que saudade! ai, amor, que saudade!
Pois nĂŁo sentes, neste ar que bebemos,
No acre cheiro da agreste ramagem,
Estar-se alma a tragar liberdade
E a crescer de inocĂȘncia e vigor!
Oh! aqui, aqui sĂł se engrinalda
Da pureza da rosa selvagem,
E contente aqui sĂł vive Amor.
O ar queimado das salas lhe escalda
De suas asas o nĂveo candor,
E na frente arrugada lhe cresta
A inocĂȘncia infantil do pudor.
E oh! deixar tais delĂcias como esta!
E trocar este céu de ventura
Pelo inferno da escrava cidade!
Vender alma e razĂŁo Ă impostura,
Ir saudar a mentira em sua corte,
Ajoelhar em seu trono Ă vaidade,
Ter de rir nas angĂșstias da morte,
Chamar vida ao terror da verdade…
Ai! nĂŁo, nĂŁo… nossa vida acabou,
Nossa vida aqui toda ficou
Diz-lhe adeus neste olhar derradeiro,
Dize Ă sombra dos montes erguidos,
Dize-o ao verde do triste pinheiro,
Os Cinco Sentidos
SĂŁo belas – bem o sei, essas estrelas,
Mil cores – divinais tĂȘm essas flores;
Mas eu nĂŁo tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
NĂŁo vejo outra beleza
SenĂŁo a ti – a ti!Divina – ai! sim, serĂĄ a voz que afina
Saudosa – na ramagem densa, umbrosa.
serĂĄ; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
SenĂŁo a ti – a ti!Respira – n’aura que entre as flores gira,
Celeste – incenso de perfume agreste,
Sei… nĂŁo sinto: minha alma nĂŁo aspira,
NĂŁo percebe, nĂŁo toma
SenĂŁo o doce aroma
Que vem de ti – de ti!Formosos – sĂŁo os pomos saborosos,
Ă um mimo – de nĂ©ctar o racimo:
E eu tenho fome e sede… sequiosos,
Famintos meus desejos
EstĂŁo… mas Ă© de beijos,
Ă sĂł de ti – de ti!Macia – deve a relva luzidia
Do leito – ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carĂcias,