Testamento Aberto

SĂł para ver curar minhas pernas partidas
Nas dores eternas
Dos saltos gorados,
Eu amo a aparente inconsciĂȘncia dos loucos,
Embora fique aos poucos nos meus saltos
Desabridos e falhados.

Apraz-me, no espelho, esta face esmagada,
À força de querer transpor o alĂ©m
Da minha porta fechada…

Porém,
Seja o que for, que seja,
Se uma CERTEZA alcanço
E uma mulher me beija.

Que importa
Que eu fique molemente olhando a minha porta
Aberta,
Ou que eu parta e a morte me espreite
Num desfiladeiro?…
E quem virĂĄ chorar e quem virĂĄ,
Se a morte que vier for a de lĂĄ
Certeira e minha…
E merecida como um sono que se dorme
ApĂłs a noite perdida?…

E que piedade anda a escrever um frĂĄgil,
Na embalagem dos ossos
Que trago emprestados…
Que deixarei ficar ao sol e Ă  chuva
E que serĂŁo limados
No entulho dos calhaus que tambĂ©m foram rocha?…

Para quĂȘ, se mil vezes provoco
Os tombos do chegar e do partir?!

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