Poemas sobre Mudos de Ant贸nio Gomes Leal

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Poemas de mudos de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

O Selvagem

Eu n茫o amo ninguem. Tambem no mundo
Ninguem por mim o peito bater sente,
Ninguem entende meu sofrer profundo,
E rio quando chora a demais gente.

Vivo alheio de todos e de tudo,
Mais callado que o esquife, a Morte e as lousas,
Selvagem, solitario, inerte e mudo,
– Passividade estupida das Cousas.

Fechei, de ha muito, o livro do Passado
Sinto em mim o despreso do Futuro,
E vivo s贸 commigo, amortalhado
N’um egoismo barbaro e escuro.

Rasguei tudo o que li. Vivo nas duras
Regi玫es dos crueis indifferentes,
Meu peito 茅 um covil, onde, 谩s escuras,
Minhas penas calquei, como as serpentes.

E n茫o vejo ninguem. Saio s贸mente
Depois de p么r-se o sol, deserta a rua,
Quando ninguem me espreita, nem me sente,
E, em lamentos, os c茫es ladram 脿 lua…

Tristissima

N’um paiz longe, secreto,
Lendaria ilha affastada,
Jaz todo o dia sentada
N’um throno de marmor preto.

No seu palacio esculpido
N茫o entram constella莽玫es;
Os tectos dos seus sall玫es
S茫o todos d’ouro polido!

Nas largas escadarias
Sobem vassallos ao cento,
De noute sulu莽a o vento
N’aquellas tape莽arias.

E pelas largas janellas
Fechadas, sempre corridas,
Ha flores desconhecidas
Que n茫o olham as estrellas.

Na dextra segura um calix,
– Calix da D么r e da Magoa!
Onde est谩 contida a agoa
E o sangue dos nossos males!

Pelas florestas sosinhas
Escuras, sem rouxinoes,
Erram chorando os Heroes,
E as desgra莽adas Rainhas.

Seguida, 谩 noute, de servas,
Caminha, em cortejo mudo,
Rojando o negro velludo
De seu cabello nas hervas.

S贸mente ao vel-a passar
Ficam as almas surprezas;
– Ha todo um mar de tristezas
No abismo do seu olhar!