Poemas sobre Museus

3 resultados
Poemas de museus escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

SilĂȘncio

JĂĄ o silĂȘncio nĂŁo Ă© de oiro: Ă© de cristal;
redoma de cristal este silĂȘncio imposto.
Que lĂ­vido museu! Velado, sepulcral.
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto!

Um hĂĄlito de medo embaciando o vidrado
dĂĄ-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos.
Na silente armadura, e sobre si fechado,
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos.

TĂŁo mal consegue o luar insinuar-se em nĂłs
que a prĂłpria voz do mar segue o risco de um disco…
NĂŁo cessa de tocar; nĂŁo cessa a sua voz.
Mas jĂĄ ninguĂ©m pretende exp’rimentar-lhe o risco!

É InĂștil Querer Parar o Homem

É inĂștil querer parar o Homem,
o que transforma a pedra em piso,
o piso em casa e a casa em fonte
de novas mĂșsicas da carne
sob as velocidades da luz e da sombra.
É inĂștil querer parar o Homem
acolher sempre um pouco de si prĂłprio
no mistério da vida a cavalgar
os cavalos aéreos da semùntica
sob uma indeferida eternidade.
É inĂștil querer parar o Homem
e o impulso que o transforma sempre
na pĂĄtria sem fim do ato livre
que arranca a vida e o tempo e as coisas
do espelho imĂłvel dos conceitos.
Ah, que mistério maior é este
que liga a liberdade e o homem
e une o homem a outros homens
como o curso de um rio ao mar!
(quando a noite Ă© una e indivisĂ­vel,
nos olhos da mulher que eu amo
acende-se o deus deste segredo
-e uma sombra sĂł nos transporta
ao fundo sem nome da vida.)

É inĂștil querer parar o Homem.
Do que morre fica o gesto alto
a ser o germe de outro gesto
que ainda nem vemos no tempo.

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Lisboa perto e longe

Lisboa chora dentro de Lisboa
Lisboa tem palĂĄcios sentinelas.
E fecham-se janelas quando voa
nas praças de Lisboa – branca e rota
a blusa de seu povo – essa gaivota.

Lisboa tem casernas catedrais
museus cadeias donos muito velhos
palavras de joelhos tribunais.
Parada sobre o cais olhando as ĂĄguas
Lisboa Ă© triste assim cheia de mĂĄgoas.

Lisboa tem o sol crucificado
nas armas que em Lisboa estĂŁo voltadas
contra as mĂŁos desarmadas – povo armado
de vento revoltado violas astros
– meu povo que ninguĂ©m verĂĄ de rastos.

Lisboa tem o Tejo tem veleiros
e dentro das prisÔes tem velas rios
dentro das mĂŁos navios prisioneiros
ai olhos marinheiros – mar aberto
– com Lisboa tĂŁo longe em Lisboa tĂŁo perto.

Lisba Ă© uma palavra dolorosa
Lisboa sĂŁo seis letras proibidas
seis gaivotas feridas rosa a rosa
Lisboa a desditosa desfolhada
palavra por palavra espada a espada.

Lisboa tem um cravo em cada mĂŁo
tem camisas que abril desabotoa
mas em maio Lisboa é uma canção
onde hĂĄ versos que sĂŁo cravos vermelhos
Lisboa que ninguem verĂĄ de joelhos.

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