Poemas sobre Natureza de Alberto Caeiro

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Poemas de natureza de Alberto Caeiro. Leia este e outros poemas de Alberto Caeiro em Poetris.

SĂł a Natureza Ă© Divina, e Ela nĂŁo Ă© Divina…

SĂł a natureza Ă© divina, e ela nĂŁo Ă© divina…
Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos
homens
Que dá personalidade às cousas,
E impõe nome às cousas.
Mas as cousas nĂŁo tĂŞm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado…
Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.

Se Depois de Eu Morrer, Quiserem Escrever a Minha Biografia

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias sĂŁo meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que nĂŁo pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senĂŁo um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas sĂŁo reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

A Natureza Ă© Bela e Antiga

Os pastores de VirgĂ­lio tocavam avenas e outras cousas
E cantavam de amor literariamente.
(Depois — eu nunca li Virgílio.
Para que o havia eu de ler?)
Mas os pastores de VirgĂ­lio, coitados, sĂŁo VirgĂ­lio,
E a Natureza Ă© bela e antiga.