Conveniências de não Usar os Olhos, os Ouvidos e a Língua
Ouvir, ver e calar remédio era
nesse tempo em que os olhos e o ouvido
e a língua puderam ser sentido
e não delito que ofender pudera.
Surdos, hoje, os remeiros com a cera,
um mar navegarei que (encanecido
de ossos, mas não de espumas) com bramido
sepulta quem ouviu voz insincera.
Sem ser ouvido e sem ouvir, ociosos
olhos e orelhas, serei olvidado
pelo cenho dos homens poderosos.
Se é delito saber quem é culpado,
o vício que o indaguem os curiosos
e viva eu ignorante e ignorado.Tradução de José Bento
Poemas sobre Ossos de Francisco de Quevedo
1 resultado Poemas de ossos de Francisco de Quevedo. Leia este e outros poemas de Francisco de Quevedo em Poetris.