VerĂŁo
Eu te chamo tumulto
e virei sobre ti
ao fogo dos frutos
na hora em que a polpa da tarde
fende
e pelo campo escorrem farelos de ouro
à luz azul da bruma.Para ti alço
com a rigidez de um bico,
garras, cĂłrneas, penas descendo
em teu tremor,
instante todo de corpo a nĂŁo ser
mais que carcassa, maré, esvaimento.E quando, inerte
â casca ou pele, gretado
o teu querer nĂŁo for mais que apetĂȘncia
ou saudade,
o sangue a escorrer ainda
escondendo os talos da grama mais pequena,
hĂĄ-de permanecer aos olhos que o nĂŁo vĂȘem
Ăntimo sinal de uniĂŁo
entre a fĂȘmea e o macho
â o que penetra
e quanto, deixando penetrar
inaugura.
Poemas sobre Ouro de José Santiago Naud
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