Entardecer
Sol-posto ungindo o mar: incensos de ouro!
Recolhe funda a tarde em sonho e mĂĄgoa.
Surdina fluida: anda o silĂȘncio a orar â
E hĂĄ crepĂșsculos de asas e, na ĂĄgua,
O céu é mårmore extåtico a cismar!E nas faces marmóreas dos rochedos
Esboçam-se perfis,
– CintilaçÔes,
Penumbra de segredos!à painéis de nuvens sobre a terra,
Ogivas delirantes
Na ĂĄgua refractandoâŠ
Encheis de sombra o mar de espumas rasas,
Iniciando
A hora pĂąnica das asas!E, Ă meia luz da tarde,
Na areia requeimada,
SĂŁo vultos sonolentos
As proas dos naviosâŠĂ tristeza dos balĂ”es
Iluminando,
Na ĂĄgua prateada,
Os pegos e baixiosâŠDormentes constelaçÔes
Que, em fundos lacustres
E musgosos,
Pondes reverberaçÔes
Em nossos olhos ansiosos.Ă tardes de aquĂĄtico esplendor,
Descendo em meu olhar!Num sonho de regresso,
Numa Ăąnsia de voltar,
Em mim todo me esqueço
E fico-me a cismar.A tarde Ă© toda um sonho moribundo.
Ă jĂĄ olor da cor que amorteceu.
Poemas sobre Ouro de LuĂs de Montalvor
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