O Album
Minha JĂșlia, um conselho de amigo;
Deixa em branco este livro gentil:
Uma sĂł das memĂłrias da vida
Vale a pena guardar, entre mil.E essa nâalma em silĂȘncio gravada
Pelas mãos do mistério hå-de ser;
Que nĂŁo tem lĂngua humana palavras,
NĂŁo tem letra que a possa escrever.Por mais belo e variado que seja
De uma vida o tecido matiz ,
Um sĂł fio da tela bordada,
Um sĂł fio hĂĄ-de ser o feliz.Tudo o mais Ă© ilusĂŁo, Ă© mentira,
Brilho falso que um tempo seduz,
Que se apaga, que morre, que Ă© nada
Quando o sol verdadeiro reluz.De que serve guardar monumentos
Dos enganos que a espârança forjou?
VĂŁos reflexos de um sol que tardava
Ou vĂŁs sombras de um sol que passou!CrĂȘ-me, JĂșlia: mil vezes na vida
Eu coa minha ventura sonhei;
E uma sĂł, dentre tantas, o juro,
Uma sĂł com verdade a encontrei.Essa entrou-me pela alma tĂŁo firme,
TĂŁo segura por dentro a fechou,
Que o passado fugiu da memĂłria,
Poemas sobre Palavras de Almeida Garrett
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