Amo-te Sempre
Amo-te sempre
com um pouco de barco e de vento
com uma humildade de mar Ă tua volta
dentro do meu corpo; com o desespero
de ser tempo;com um pouco de sol e uma fonte
adormecida na ternura.Merecer este minuto de palavras habitando
o que há sem fim no teu retrato;
Este mesmo minuto em que chegam e partem navios
– nesta mesma cidade deste
minuto, desta lĂngua, deste
romance diário dos teus olhos –(e chegarĂŁo com armas? refugiados? trigo?
partirão com noivas? missionários? guerras? discursos?)Merecer a densa beleza do teu corpo
que tem água e ternura, células, penumbra,
que dormiu no berço, dormiu na memória,
que teve soluços, febre, e absurdos desejos
maiores que os braços,merecer os dias subindo das florestas – e vĂŞm
banhar-se, lentos, nos teus olhos…Merecer a Igreja, o ajoelhar das palavras,
entre estes cinemas visitando, em duas horas, a alma,
estes eléctricos parando atrás do infinito
para subirem os namorados, a viĂşva, o cobrador da luz, a
costureira
entre estes homens que ganham dinheiro,
Poemas sobre PĂŁo de VĂtor Matos e Sá
2 resultados Poemas de pĂŁo de VĂtor Matos e Sá. Leia este e outros poemas de VĂtor Matos e Sá em Poetris.
Para os Amigos
De entre todos, apenas vĂłs
tendes direito a ver-me
fracassar. Onde caio
entre a vossa irĂłnica
doçura implacável, convosco
partilho o pão e o espaço
e a rapidez dos olhos
sobre o que fica (sempre)
para dar ou dizer.
E de vĂłs me levanto
e vos levo pesando
e ardendo até onde
me ajudais a ser
melhor ou talvez
menos sĂł.