As Amadas Passam como o Vento

Um dia percebemos que as amadas se evaporam
no ar como se nunca tivessem existido.
Sombras de pássaros na água

elas emigram para lugares distantes
ou talvez para alguma estrela
dessas que flamejam nos trapézios do céu.

As amadas passam como o vento
sĂŁo inconstantes como as brisas que derrubam
as folhas mortas de um pomar.

Semelhantes a esses gatos de pelĂşcia
que nos arranham com seus bigodes de mercĂşrio
e vĂŁo-se lambuzar no pires de leite.

As amadas, quando vĂŁo embora,
deixam apenas a memĂłria do perfume
como um punhal cravado em nosso peito.

[Argila ErĂłtica: 8]