SilĂȘncio, Nostalgia…
SilĂȘncio, nostalgia…
Hora morta, desfolhada,
sem dor, sem alegria,
pelo tempo abandonada.Luz de Outono, fria, fria…
Hora inĂștil e sombria
de abandono.
Não sei se é tédio, sono,
silĂȘncio ou nostalgia.InterminĂĄvel dia
de indizĂveis cansaços,
de funda melancolia.
Sem rumo para os meus passos,
para que servem meus braços,
nesta hora fria, fria?
Poemas sobre Passos de Fernanda de Castro
3 resultadosSe os Poetas Dessem as MĂŁos
Se os Poetas dessem as mĂŁos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia,
cairiam as grades das prisÔes
que nos tolhem os passos,
os arames farpados
que nos rasgam os sonhos,
os muros de silĂȘncio,
as muralhas da cĂłlera e do Ăłdio,
as barreiras do medo,
e o Dia, como um pĂĄssaro liberto,
desdobraria enfim as asas
sobre a Noite dos homens.Se os Poetas dessem as mĂŁos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia.
NĂŁo Fora o Mar!
NĂŁo fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.NĂŁo fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angĂșstia, pequeno prazer.NĂŁo fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violĂȘncia
como irisadas bolas de sabĂŁo,
efĂ©mero cristal, branca aparĂȘncia,
e o resto â pingos de ĂĄgua em minha mĂŁo.NĂŁo fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga mĂșsica ao sol pĂŽr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.NĂŁo fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusĂŁo, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.NĂŁo fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que Ă© alto, inacessĂvel, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.