ExĂlio
Quando a pĂĄtria que temos nĂŁo a temos
Perdida por silĂȘncio e por renĂșncia
AtĂ© a voz do mar se torna exĂlio
E a luz que nos rodeia Ă© como grades
Poemas sobre PĂĄtria de Sophia de Mello Breyner Andresen
4 resultadosPirata
Sou o Ășnico homem a bordo do meu barco.
Os outros sĂŁo monstros que nĂŁo falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E hĂĄ momentos que sĂŁo quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.A minha påtria é onde o vento passa,
A minha amada Ă© onde os roseirais dĂŁo flor,
O meu desejo Ă© o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.
Sua Beleza
Sua beleza Ă© total
Tem a nĂtida esquadria de um Mantegna
Porém como um Picasso de repente
Desloca o visualSeu torso lembra o respirar da vela
Seu corpo Ă© solar e frontal
Sua beleza à força de ser bela
Promete mais do que prazer
Promete um mundo mais inteiro e mais real
Como pĂĄtria do ser
PĂĄtria
Por um paĂs de pedra e vento duro
Por um paĂs de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muroPelos rostos de silĂȘncio e de paciĂȘncia
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidĂŁo
Dum longo relatĂłrio irrecusĂĄvelE pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tĂŁo amadas
Palavras sempre ditas com paixĂŁo
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silĂȘncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradasâ Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e ågua
à minha påtria e meu centroMe dói a lua me soluça o mar
E o exĂlio se inscreve em pleno tempo