Poemas sobre Pele de Joaquim Pessoa

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Poemas de pele de Joaquim Pessoa. Leia este e outros poemas de Joaquim Pessoa em Poetris.

Tudo Ă© PaixĂŁo

Assim me perguntaste,
assim te respondi:
tudo Ă© paixĂŁo.

Como nĂŁo lamber
da tua pele, o mel
que o desejo fabrica?

E como a minha boca
não recolher o néctar
da tua boca?

Ou como nĂŁo sorver
das tuas mĂŁos o pĂłlen
da ternura?

E se, em vez de paixĂŁo,
for sexo apenas,
ou loucura?

Pode até não ser amor.
Mas, seja o que for,
nĂŁo Ă© pior.

Canção de Amor

Eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses,
faria amor, assim, com as palavras.
Eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses
porque haveria de doer-me a tua ausĂȘncia.

Por isso canto. Alegre ou triste, canto.
Como se, cantando, tocasse a tua boca,
ainda antes da tua presença.
Direi mesmo, depois da tua morte.

Eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses,
Ăł minha amiga, doce companheira.
Eu festejo o teu corpo como um rio,
onde, exausto, chegarei ao mar.

Sim, eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses,
porque nada eu direi sem o teu nome.
Porque nada existe além da tua vida,
da tua pele macia, dos teus olhos magoados.

Assim quero cantar-te, meu amor,
para além da morte, para além de tudo.