Poemas sobre Pensamentos de Luís de Camões

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Quando me quer enganar

Quando me quer enganar
A minha bela perjura,
Pera mais me confirmar
O que quer certificar,
Pelos seus olhos mo jura.
Como meu contentamento
Todo se rege por eles,
Imagina o pensamento
Que se faz agravo a eles
NĂŁo crer tĂŁo grĂŁo juramento.

Porém, como em casos tais
Ando já visto e corrente,
Sem outros certos sinais,
Quanto me ela jura mais,
Tanto mais cuido que mente.
EntĂŁo, vendo-lhe ofender
Uns tais olhos como aqueles,
Deixo-me antes tudo crer,
SĂł pela nĂŁo constranger
A jurar falso por eles.

PerdigĂŁo perdeu a pena

PerdigĂŁo perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.

PerdigĂŁo que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
NĂŁo tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a u~a alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.