A Noite Suavemente Descia
A noite
Suavemente descia;
E eu nos teus bra莽os deit谩do
At茅 sonhei que morria.E via
Goivos e cravos aos m贸lhos;
Um Christo crucificado;
Nos teus olhos,
Suavidade e frieza;
Damasco r么xo, cinzento,
Rendas, velludos pu铆dos,
Perfumes caros entornados,
Rum么r de vento em surdina,
Insenso, r茅zas, brocados;
Penumbra, sinos dobrando;
Vellas ardendo;
Guitarras, solu莽os, pragas,
E eu… devagar morrendo.O teu rosto moreninho,
Eu achei-o mais formoso,
Mas, sem lagrimas, enxuto;
E o teu corpo delgado,
O teu corpo gracioso,
Estava todo coberto de lucto.Depois, anciosamente,
Procurei a tua boca,
A tua boca sad铆a;
Beij谩mo-nos doidamente…
– Era dia!E os nossos corpos unidos,
Como corpos sem sentidos,
No ch茫o rolaram… e assim ficaram!…
Poemas sobre Perfume de Ant贸nio Botto
6 resultadosAnda vem…
Anda vem…, porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha – rosa de lume?Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.D谩-me o infinito gozo
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!E ouve, mancebo alado:
Entrega-te, s锚 contente!
– Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!Anda, vem!… D谩-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos…
Tenho saudades da vida!
Tenho sede dos teus beijos!
Tu Mandaste-me Dizer
Tu mandaste-me dizer
Que tornavas novamente
Quando viesse a tardinha;
E eu, para mais te prender,
– N’esse dia…Pintei de negro os meus olhos
E de r么xo a minha boca.
As rosas eram aos m贸lhos
Para a noite rubra e louca!Entornei sobre o meu corpo,
– Que f么ra delgado e bello!
O perfume mais extranho e mais subtil;
E um brocado r么xo e verde
Envolveu a minha carne
Macerada e varonil.
Os meus hombros florentinos,
Cob茅rtos de pedraria,
Eram chagas luminosas
Alumiando o meu corpo
Todo em f茅bre e nostalgia.
Nas minhas m茫os de cambraia,
As esmeraldas scintillavam;
E as p茅rolas nos meus bra莽os,
Murmuravam…
Desmanchado, o meu cabello,
Em ondas largas, cahia,
Na minha fronte
Ligeiramente sombr铆a.Estava pallido e dir-se-hia
Que a pallidez aumentava
A minha grande belleza!Na minha boca ondulava
Um sorriso de tristeza.A noite vinha tombando.
E, como tardasses,
Fiquei-me, sent谩do, olhando
O meu vulto reflectido
No espelho de crystal;
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.Chor谩mos, rimos, cant谩mos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado…Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molh谩do e lindo.O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!Deserto de aguas sem fim.
脫 sepultura da minha ra莽a
Quando me guardas a mim?…Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado…Ao longe o Sol na agonia
De r么xo as aguas tingia.芦Voz do mar, mysteriosa;
Voz do am么r e da verdade!
– 脫 voz moribunda e d么ce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Tr茅mula voz de quem parte…禄
. . . . . . . . . . . . . . . .E os poetas a cantar
S茫o echos da voz do mar!
Anda, Vem
Anda, vem… por que te n茅gas,
Carne mor锚na, toda perfume?
Por que te c谩las,
Por que esmoreces
Boca verm锚lha, – rosa de lume!Se a luz do dia
Te c贸bre de p锚jo,
Esperemos a noite presos n’um beijo.D谩-me o infinito goso
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O ar么ma e o cal么r
Da tua carne, – meu am么r!E ouve, mancebo al谩do,
N茫o entriste莽as, n茫o penses,
– S锚 contente,
Porque nem todo o prazer
Tem peccado…Anda, vem… d谩-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;Tenho Saudades da vida!
Tenho s锚de dos teus beijos!
Ouve, Meu Anjo
Ouve, meu anjo:
Se eu beij谩sse a tua p茅l?
Se eu beij谩sse a tua boca
Onde a saliva 茅 um m茅l?…Quiz afastar-se mostrando
Um sorriso desdenhoso;
Mas ai!
– A carne do assassino
脡 como a do virtuoso.N’uma attitude elegante,
Mysteriosa, gentil,
Deu-me o seu corpo doirado
Que eu beijei quase febr铆l.Na vidra莽a da janella,
A chuva, l茅ve, tinia…Elle apertou-me, cerrando
Os olhos para sonhar…
E eu, lentamente, morria
Como um perfume no ar!