Nome Para Uma Casa
Ossos enxutos de repente as mĂŁos
sobre o repousado peito entrelaçadas
como quem adormeceu
Ă sombra de uma quieta
e morosa árvore de copa alargada.
Dos olhos direi que abertos
para dentro me parecem
não os verei mais de agitação ansiosa
e hĂşmido afago brandos no seu ferver
de amor avarento agora tão acalmados também
tão de longe observando incrédulos e astuciosos
a escura gente de roda com ladainhas de
abjuradas mágoas.Julgo ouvir a chuva no tépido pinhal
mas pode ser engano
ainda há pouco o vento limpara o céu anoitecido
por entre o sussuro do lamuriado tédio
alguém se aproxima em bicos dos pés
por entre hortências ou dálias
de ambas minha mãe gostavaas ratazanas heréticas perseguem-se no sótão
como no tempo de nĂŁo sei quando
os estalidos de madeira seca
no tecto antigo que os bichos mastigam aplicadamente
enquanto as velas agĂłnicas se revezam
uma a uma dançando no sereno rosto que dorme
sem precisar de dormir tĂŁo perto o rosto e tĂŁo ausente
tĂŁo da vida agreste aliviado
as pessoas vão repartindo ais estórias lembranças
vĂŁo repartindo haveres e contos largos
enquanto no barco do tempo o morto se afasta
solene e majestático mesmo que o medo
o persiga até ao limite das águas.
Poemas sobre Perto de Fernando Namora
2 resultadosPor Todos os Caminhos do Mundo
A minha poesia Ă© assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relĂłgio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mĂŁo o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.Na minha vida nem sempre a bĂşssola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre Ă© dia,
com a minha noite que nem sempre Ă© noite
como a alma quer.NĂŁo sei caminhos de cor.