Baladas Românticas – Negra…
Possas chorar, arrependida,
Vendo a saudade que aqui vai!
VĂŞ que inda, negro, da ferida
Aos borbotões o sangue cai…
Que a nossa histĂłria, assim relida,
O nosso amor, lembrado assim,
Possam fazer-te, comovida,
Inda uma vez pensar em mim!Minh’alma pobre e desvalida,
Ă“rfĂŁ de mĂŁe, ĂłrfĂŁ de pai,
Na escuridĂŁo vaga perdida,
De queda em queda e de ai em ai!
E ando a buscar-te. E a minha lida
NĂŁo tem descanso, nĂŁo tem fim:
Quanto mais longe andas fugida,
Mais te vejo eu perto de mim!Louco! e que lĂşgubre a descida
Para a loucura que me atrai!
– TerrĂveis páginas da vida,
Escuras páginas, – cantai!
Vim, ermitĂŁo, da minha ermida,
Morto, do meu sepulcro vim,
Erguer a lápida caĂda
Sobre a esperança que houve em mim!Revivo a mágoa já vivida
E as velhas lágrimas… a fim
De que chorando, arrependida,
Possas lembrar-te inda de mim!
Poemas sobre Perto de Olavo Bilac
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Sonho
Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, Ă© triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!Sonho… Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite… A amplidĂŁo se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço… O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, apareces Ă porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa…