A Dama de Elche

Seus olhos
pararam no limiar. Mas a morte
participa também do mistério da vida,
e essas amĂȘndoas que mantĂ©m
explĂ­citas ao nada, anunciam
outra ĂĄrvore em nĂłs.

Toda a feição jå se concentra
no que os olhos nĂŁo dizem. Antes
fossem fechados,
como os lĂĄbios na dureza do mento,
e a ciĂȘncia ou a razĂŁo que nos perturba
nĂŁo deixariam no berloque aguerrido
essa espantosa serenidade gélida de amor.

Mulher-senhora. MĂŁe?
Nos adornos
da espera, (nossa
a dĂșvida) fica a vida
que freme, e os abismos
que a beleza flanqueiam. Até que os pés
alados
despertem a princesa. EntĂŁo,
Deus a recolhe,
e roça
nossas parcas medidas. A morte
desancora. Pela rigidez
da inacessĂ­vel mĂĄscara, escorre
como as chuvas
o seu Ă­ntimo trabalho de existir.