Tempos de PaixĂŁo
ah tempos de paixĂŁo
desses navios
naufragados no mara corrosĂŁo
como um a um os brios
dispostos a mataro mar abriga
junto ao lodo do fundo
a frota amiga
mais a esquadra inimigaé a lei do mundo
que guardas no bom[e
com a tua féah lei que não se aguenta
sobre o pé
Poemas sobre PĂ©s de Reynaldo Valinho Alvarez
3 resultadosA EssĂȘncia nĂŁo se Perde
Com a firmeza de passos sem retorno,
carregar o que foi dentro de si,
sem chorar a partida, sem temer
deixar o que afinal vai bem marcado
com seu selo de coisa inesquecĂvel.
A essĂȘncia nĂŁo se perde, vai connosco
e extravasa dos dedos quando escrevem,
salta fora da boca quando fala,
transpira pela pele, sai dos ossos,
Ă© lançada dos mĂșsculos em arco
e circula no sangue das artérias.
Os pagos, as querĂȘncias nĂŁo se perdem,
se penetram nos ossos, moram neles,
nĂŁo como o minuano passageiro,
mas sim como a medula que sustenta
o circuito do corpo e o movimenta,
impedindo que pare, morra e penda
como trouxa de pano, como penca
tombada de seu pé, como o vazio,
a coisa sem recheio, a casca murcha,
o fruto despojado de si mesmo.
O SolitĂĄrio Gesto de Viver
Onde as patas da vida pisam firme,
armei o meu bivaque. Sou gaudério
nos longes destes campos assolados
por sĂłis interminĂĄveis que ressecam
os verdes pervagados das querĂȘncias.
Ali onde me encontro, planto as solas
dos pés como o quebracho da fronteira.
A solas me interrogo no horizonte,
sombrero descaĂdo para a nuca,
desarmado, cismando, a bomba e a cuia
me servindo do amargo todo vida.
Bombachas encardidas, poncho roto,
nĂŁo afrouxo o garrĂŁo, sigo adelante.
Quem sou eu, afinal? Alma penada,
lobisomem perdido na campina,
um ratĂŁo do banhado espavorido
no incĂȘndio da macega desta vida,
ela prĂłpria rompida em suas partes
mais vitais, mais profundas, mais curtidas,
um pelego no sol, colgado em varas
nas ventanas do pampa enlouquecido.