Pequenos Poemas Mentais
Mental: nada, ou quase nada sentimental.
I
Quem nĂŁo sai de sua casa,
nĂŁo atravessa montes nem vales,
nĂŁo vĂȘ eiras
nem mulheres de infusa,
nem homens de mangual em riste, suados,
quem vive como a aranha no seu redondel
cria mil olhos para nada.
Mil olhos!
ImplacĂĄveis.
E hoje diz: odeio.
Ontem diria: amo.
Mas odeia, odeia com indĂŽmitos Ăłdios.
E se se aplaca, como acha o tempo pobre!
E a liberdade inĂștil,
inĂștil e vĂŁ,
riqueza de miserĂĄveis.II
Como sempres, hĂĄ-de-chegar, desde os tempos!
Vozes, cumprimentos, ofegantes entradas.
Mas que vos reunirĂĄ, pensamentos?
Chegais a existir, pensamentos?
Ă provĂĄvel, mas desconfiados e invĂĄlidos,
Rosnando estĂșpidos, com cĂŁes.Ă inĂșteis, aquietai-vos!
Voltai como os cĂŁes das quintas
ao ponto da partida, decepcionados.
E enrolai-vos tristonhos, rabugentos, desinteressados.III
Esse gesto…
Esse desĂąnimo e essa vaidade…
A vaidade ferida comove-me,
comove-me o ser ferido!A vaidade nĂŁo Ă© generosa, Ă© egoĂsta,
Mas chega a ser bela,
Poemas sobre Pobreza de Irene Lisboa
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