Infância
Uma seta pregada na memória.
Dava-se à vida força, à vida tudo.
Que era o amor nesse tempo? E nós dois
nos amávamos? Que importa hoje o que foi
hoje o caminho é andado.
Que forma hoje o que foi?
Forma um desenho vago
onde nós dois, nós dois
andamos desolados.
Que porta é que se foi?
Abria de que lado?
Decerto só no instante
em que nós não chorávamos.E se fechou, agora.
E estamos separados.
Poemas sobre Portas de Renata Pallottini
2 resultados Poemas de portas de Renata Pallottini. Leia este e outros poemas de Renata Pallottini em Poetris.
O Grito
Se ao menos esta dor servisse
se ela batesse nas paredes
abrisse portas
falasse
se ela cantasse e despenteasse os cabelosse ao menos esta dor se visse
se ela saltasse fora da garganta como um grito
caísse da janela fizesse barulho
morressese a dor fosse um pedaço de pão duro
que a gente pudesse engolir com força
depois cuspir a saliva fora
sujar a rua os carros o espaço o outro
esse outro escuro que passa indiferente
e que não sofre tem o direito de não sofrerse a dor fosse só a carne do dedo
que se esfrega na parede de pedra
para doer doer doer visível
doer penalizante
doer com lágrimasse ao menos esta dor sangrasse