Poemas sobre Portas de Sophia de Mello Breyner Andresen

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Poemas de portas de Sophia de Mello Breyner Andresen. Leia este e outros poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen em Poetris.

Revolução

Como casa limpa
Como chĂŁo varrido
Como porta aberta

Como puro inĂ­cio
Como tempo novo
Sem mancha nem vĂ­cio

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hĂŁo-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarĂŁo no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarĂŁo as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu nĂŁo estivesse morta.