Natal Tão Pouco
Nasceu em Belém, ou Nazaré
(A nova teoria),
Este que nos é
O Pai-Nosso em cada dia?Que importa onde nasceu,
Se num presépio, se num leito?
A verdade sou eu
A aguardá-lo no peito.Pois abro o coração
Pra o receber,
Quer venha ou não
Do céu ou ventre de mulher.Mas, ai! a adoração dura-me instantes!
Em breve irei negá-lo
Três vezes, antes
De cantar o galo!
Poemas sobre Presépios de António Manuel Couto Viana
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Cenário de Natal Sem o Natal
Nenhuma estrela luz, com mais brilho no céu.
Não oiço rumor d’asa ou de vagido
É meia-noite já. E ainda não nasceu.
O que terá acontecido?Eu, para aqui ajoelhado,
A memória da infância a pedir-me alegria,
Todo o presépio armado
… E a mangedoira vazia!O silêncio apavora:
Nem uma loa, nem o som de um sino.
Porquê tanta demora?
Não mais irá nascer o meu menino?Nenhum sinal de sobrenatural
No cenário onde a fé não sublima nem arde.
Por isso, o meu Natal
Vai chegar tarde.(Para sempre tarde?)