Perseverança
Não digas que o trabalho é desperdiçado,
Nem que o esforço falha ou parece, no fundo;
NĂŁo digas que aquele ao dever curvado
É um entre os tantos sonhos do mundo.Pois não é em vão que em golpes seguidos,
Com pressa medida, em fragor crescente,
O mar actua nos rochedos batidos
E invade a praia, ruidosamente.É certo que enfrentam suas investidas,
Do seu bater forte parecem troçar,
Esmagam com força as vagas erguidas
E em espuma fazem as ondas rasgar.Mas ele bate e bate com força
Em dias, semanas, em meses e anos,
Até que apareça mossa sobre mossa
Que mostre seus gastos, pacientes ganhos.E os anos passam, as gerações vão,
E menores se quedam as rochas cavadas;
Mas ele, com lenta e firme precisĂŁo,
Baterá na terra suas altas vagas.Certo como o sol e despercebido
Como duma árvore é o seu crescer,
Trabalha, trabalha sem ser iludido
P’la tenaz imagem que se pode ver.E quando o seu fim de todo obtĂ©m,
Em sonoro embate,
Poemas sobre Pressa de Alexandre Search
2 resultadosHomens do Presente
Homens do presente, nada no passado,
Antes de serdes as coisas que vemos,
Quem podia ter sabido ou pensado
Que serĂeis hoje aquilo que temos?
Ah, passantes pela mesma via,
Quem pĂ´de pensar-vos antes deste dia?Homens do presente e pĂł de amanhĂŁ,
Ao passar dos anos aonde ireis ter?
Que rude mudez ou ânsia em pressa vã
Irá registar vossa dor e prazer?
Ondas ou cristas do mar desta vida,
Quem vos pensará passado este dia?Só o génio pode o fogo atiçar
Que na natureza em vĂłs abrigais;
Só o génio pode a lira tocar
E erguer vosso nome aos céus dos mortais;
O génio pode a morte romper
E o nada de ontem num tudo verter.Mas a virtude, como os choros humanos,
Pelos areais depressa bebida,
Mergulha no pĂł dos passados anos
E nem sabereis onde está escondida.
Que o génio, então, possa ser laureado;
Que o pĂł de amanhĂŁ seja eternizado.