Cada Coisa a seu Tempo Tem seu Tempo
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
NĂŁo florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
TĂŞm branco frio os campos.Ă€ noite, que entra, nĂŁo pertence, LĂdia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.Ă€ lareira, cansados nĂŁo da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
NĂŁo puxemos a voz
Acima de um segredo,E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscĂŞncia
(NĂŁo para mais nos serve
A negra ida do Sol) —Pouco a pouco o passado recordemos
E as histĂłrias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falemDas flores que na nossa infância ida
Com outra consciĂŞncia nĂłs colhĂamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.E assim, LĂdia, Ă lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõe roupas
O outrora compĂşnhamosNesse desassossego que o descanso
Nos traz Ă s vidas quando sĂł pensamos
Naquilo que já fomos,
Poemas sobre Primavera de Ricardo Reis
3 resultadosPrefiro Rosas, meu Amor, à Pátria
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnĂłlias amo
Que a glĂłria e a virtude.Logo que a vida me nĂŁo canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam Ă vida,
Que me aumentam na alma?Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Quando, LĂdia, Vier o Nosso Outono
Quando, LĂdia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, nĂŁo para a futura
Primavera, que Ă© de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
SenĂŁo para o que fica do que passa
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.