De Esquecer
Demorei-me muito tempo ao pé de ti.
As portas fechadas por dentro, como se encerrasses
o amor e a lei. Demorei-me demais. Ao fim da tarde,
nesse mesmo dia que jĂĄ morreu,
olhĂĄmo-nos devagar, mas distraĂdos. Diria atĂ© que anoiteceu.Nunca falĂĄmos do amor que chega tarde.
Nem o interpelĂĄmos (como se jĂĄ nĂŁo pudesse
ter nome). Fingia ter esquecido o teu corpo
nas muralhas. Nas areias.VĂȘs aqui alguma figura? NinguĂ©m vĂȘ.
Repara no ponto preto que alastra na margem do quadro,
nas minhas lĂĄgrimas desse tempo.
RelĂȘ.
Poemas sobre Quadros de LuĂs Filipe Castro Mendes
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De Amor
Considera o amor como um retoque num quadro antigo
que subitamente o vem iluminar:
vimo-nos muitas vezes antes de seres no meu olhar
aquela luz em um paĂs perdido
que tu quiseste em vĂŁo esconder, negar.O quadro manteve o mesmo fulgor:
a reverberação no silĂȘncio da perda,
o desamor.Quem avivou o brilho das tintas, quem corrigiu o baço
sinal da morte? FalĂĄmos de uma dor
num fundo esbatido. FalĂĄmos do grito mudo do teu corpo.
FalĂĄmos de amor.