Novas da Corte
As damas nunca parecem
os galantes poucos sĂŁo
cousas de prazer esquecem
os negĂłcios vĂŞm e vĂŁo
nunca minguam, sempre crescem.
Não há já nenhum folgar
nem manhas exercitar
Ă© tanto o requerimento
que ninguém não traz o tento
senĂŁo em querer medrar.Mil pessoas achareis
menos das que cá leixastes
doutras vos espantareis
porque vĂŞ-las nĂŁo cuidastes
da maneira que vereis.
Uns acabam outros vem
e uns tem outros nĂŁo tem
e os mais polo geral
folgam muito d’ouvir mal
e pouco de dizer bem.Se cá sois bem ensinado
cada feira valeis menos
e se mal sois estranhado
dous dias e logo vemos
ficardes mais estimado.
E vai isto de maneira
que na capela cadeira
d’espaldas tem escudeiros
e consentem-lh’os porteiros
estarem na dianteira.Anda tudo tĂŁo danado
que o que menos merece
se mostra mais agravado
e d’homens que nĂŁo conhece
Ă© el rei emportunado.
E estes que Deos padeça
hão de cobrir a cabeça
perant’ele no serĂŁo
e só por isso lá vão
sem haver quem os conheça.
Poemas sobre Rabos de Garcia de Resende
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