Medo

Quem dorme Ă  noite comigo?
É meu segredo, Ă© meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas sĂł o medo, mas sĂł o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silĂȘncio que fala,
Com voz de mĂłvel que estala
E nos perturba a razĂŁo.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que estĂĄ dormindo a meu lado,
LĂĄzaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que estĂĄ dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele hĂĄ-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.