Poemas sobre Roda de Ant贸nio Nobre

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Poemas de roda de Ant贸nio Nobre. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Nobre em Poetris.

Ballada do Caix茫o

O meu vizinho 茅 carpinteiro,
Algibebe de Dona Morte:
Ponteia e coze, o dia inteiro,
Fatos de pau de toda a sorte:
Mogno, debruados de velludo
Flandres gentil, pinho do Norte…
Ora eu que trago um sobretudo
Que j谩 me vae a aborrecer,
Fui-me l谩, hontem: (era Entrudo,
Havia immenso que fazer!…)
– Ol谩, bom homem! quero um fato,
Tem que me sirva? – Vamos ver…
Olhou, mexeu na caza toda…
– Eis aqui um e bem barato.

– Est谩 na moda? – Est谩 na moda.
(Gostei e nem quiz apre莽al-o:
Muito justinho, pouca roda…)
– Quando posso mandar buscal-o?
– Ao por-do-sol. Vou dal-o a ferro:
(Poz-se o bom homem a aplainal-o…)

脫 meus amigos! salvo-erro,
Juro-o pela alma, pelo c茅u!
Nenhum de v贸s, ao meu enterro,
Ir谩 mais dandy, olhae! do que eu!

Para As Raparigas de Coimbra

1

脫 choupo magro e velhinho,
Corcundinha, todo aos n贸s:
脡s tal qual meu av么zinho,
Falta-te apenas a voz.

2

Minha capa vos acoite
Que 茅 p’ra vos agazalhar:
Se por f贸ra 茅 cor da noite,
Por dentro 茅 cor do luar…

3

脫 sinos de Santa Clara,
Por quem dobraes, quem morreu?
Ah, foi-se a mais linda cara
Que houve debaixo do c茅u!

4

A sereia 茅 muito arisca,
Pescador, que est谩s ao sol:
N茫o cae, tolinho, a essa isca…
S贸 pondo uma flor no anzol!

5

A lua 茅 a hostia branquinha,
Onde est谩 Nosso Senhor:
脡 d’uma certa farinha
Que n茫o apanha bolor!

6

Vou a encher a bilha e trago-a
Vazia como a levei!
Mondego, qu’茅 da tua agoa?
Qu’茅 dos prantos que eu chorei?

7

A cabra da velha Torre,
Meu amor, chama por mim:
Quando um estudante morre,
Os sinos chamam, assim.

8

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Certa Velhinha

1

Al茅m, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que triste velhinha que vae a passar!
N茫o leva candeia; hoje, o c茅u n茫o tem luzes…
Cautella, velhinha, n茫o v谩s trope莽ar!

Os ventos entoam cantigas funestas,
Relampagos tingem de vermelho o Azul!
Aonde ir谩 ella, n’uma noite d’estas,
Com vento da Barra puxado do sul?

Aonde ir谩 ella, pastores! boieiras!
Aonde ir谩 ella, n’uma noite assim?
Se for un phantasma, fazei-lhe fogueiras,
Se for uma bruxa, queimae-lhe alecrim!

Contava-me aquella que a tumba j谩 cerra,
Que Nossa Senhora, quando a chama alguem,
Escolhe estas noites p’ra descer 谩 Terra,
Porque em noites d’estas n茫o anda ninguem…

Al茅m, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que linda velhinha que vem a passar!
E que olhos aquelles que parecem luzes!
Quaes velas accezas que a v锚m a guiar…

Que pobre capinha que leva de rastros,
T茫o velha, t茫o r么ta! Que triste viuvez!
Mas se lhe d谩 vento, meu Deus! tantos astros!
脡 o c茅u estrellado vestido do envez…

Seu alvo cabello, molhado das chuvas,
Parece uma vinha de luar em flor…

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