Mania da SolidĂŁo

Como um jantar frugal junto Ă  clara janela,
Na sala já está escuro mas ainda se vê o céu.
Se saĂ­sse, as ruas tranquilas deixar-me-iam
ao fim de pouco tempo em pleno campo.
Como e observo o céu — quem sabe quantas mulheres
estão a comer a esta hora — o meu corpo está tranquilo;
o trabalho atordoa o meu corpo e também as mulheres.

Lá fora, depois do jantar, as estrelas virão tocar
a terra na ancha planura. As estrelas sĂŁo vivas,
mas nĂŁo valem estas cerejas que como sozinho.
Vejo o céu, mas sei que entre os tectos de ferrugem
brilha já alguma luz e que, por baixo, há ruídos.
Um grande golo e o meu corpo saboreia a vida
das árvores e dos rios e sente-se desprendido de tudo.
Basta um pouco de silĂŞncio e as coisas imobilizam-se
no seu verdadeiro sĂ­tio, como o meu corpo imĂłvel.

Cada coisa está isolada ante os meus sentidos,
que a aceita impassĂ­vel: um cicio de silĂŞncio.
Cada coisa na escuridĂŁo posso sabĂŞ-la,
como sei que o meu sangue circula nas veias.

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