O Amor e a Morte
Canção cruel
Corpo de ânsia.
Eu sonhei que te prostrava,
E te enleava
Aos meus mĂşsculos!Olhos de ĂŞxtase,
Eu sonhei que em vĂłs bebia
Melancolia
De há séculos!Boca sôfrega,
Rosa brava
Eu sonhei que te esfolhava
PĂ©tala a pĂ©tala!Seios rĂgidos,
Eu sonhei que vos mordia
Até que sentia
Vómitos!Ventre de mármore,
Eu sonhei que te sugava,
E esgotava
Como a um cálice!Pernas de estátua,
Eu sonhei que vos abria,
Na fantasia,
Como pĂłrticos!PĂ©s de sĂlfide,
Eu sonhei que vos queimava
Na lava
Destas mãos ávidas!Corpo de ânsia,
Flor de volĂşpia sem lei!
NĂŁo te apagues, sonho! mata-me
Como eu sonhei.
Poemas sobre Séculos de José Régio
2 resultadosNasceu um Menino
Nasceu, nasceu um Menino,
Nasceu um Menino mais,
No bercinho pouco fino
Das palhas duns animais!Que num vil curral por quarto
E entre uns pedregulhos nus,
Teve a santa dor do parto
A Mulher que o deu Ă luz.Mas de cada vez, no mundo,
Que mais um ser aparece,
Quem pode descer ao fundo
Do que o Destino nos tece?Ă€ hora em que Este chegava,
Lá para um cerro distante,
Por cada fibra chorava
Una velho cedro gigante.Chorava porque sabia
Que em seu peito condenado
Aquele Menino, um dia,
Seria crucificado.Ora cada vez, no mundo,
Que nasce mais um Menino,
Quem pode descer ao fundo
Do que nos tece o Destino?Já, pelos céus fora, um astro
Descendo sobre o curral,
Abre para sempre um rastro
De alvor sobrenatural.E o velho cedro, que chora
Porque se julga precito,
Pelos séculos em fora
Será sagrado e bendito.Que abertos pelos espaços,
No azul sereno e profundo,